G1
Sóstenes Cavalcante mudou estratégia e resolveu protocolar requerimento pedindo para acelerar análise na Câmara. Estilo "pé na porta" do deputado deixa claro que sua gestão é nitroglicerina pura. Deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) vai assumir a liderança do PL a partir deste ano.Vinicius Loures/Câmara dos DeputadosO deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) decidiu mudar de estratégia e protocolar o pedido de urgência do projeto de anistia na Câmara depois que três deputados o procuraram pedindo para retirar a assinatura, alegando que estavam sendo pressionados pelo governo.Sóstenes, que passou o fim de semana lendo o regimento da Câmara, decidiu então antecipar o movimento. O plano inicial era protocolar o requerimento com 280 nomes, mas bastaram 262 para entrar com o pedido. Antes, ligou para o presidente da casa, Hugo Mota (Republicanos-PB), e avisou de sua intenção.A decisão de Sóstenes expõe todos os deputados. Expõe os que são da base governista, mas que não estão com o governo; expõe os que botaram sua assinatura para, mais tarde, mediante um bom acordo, retirá-la; e expõe quem quer pegar carona nos votos bolsonaristas, mas na hora agá não se compromete. LEIA MAISPlanalto tem 'mapa de cargos' de deputados como trunfo para desmobilizar anistiaVeja quantos deputados de cada partido apoiaram a urgência para anistia aos golpistas do 8 janeiroAntes, ficava muito mais cômodo para alguém assinar e pedir a retirada de sua assinatura. Agora, com a publicação do requerimento, os deputados que quiserem recuar terão que fazer o pedido por escrito e em bloco, o que vai tornar qualquer decisão mais vulnerável a questionamentos.Após protocolado o requerimento, as assinaturas não podem mais ser retiradas nem adicionadas, conforme estabelece o Regimento Interno da Câmara. Entretanto, o pedido pode perder a validade se metade mais um dos deputados que assinaram o texto — no caso, 132 — peçam sua retirada.A exposição de deputados não é uma invenção de Sóstenes. Nas décadas de 1980 e 1990, a esquerda montava painéis em locais de grande movimentação, como a Cinelândia, no Rio, com fotos e nomes de deputados que votavam projetos que, na visão da oposição, eram contrários aos interesses do trabalhador.A ideia começou na votação das Diretas Já, com o nome dos deputados que foram contra a emenda Dante de Oliveira, que restabeleceu o sufrágio para presidente, e prosseguiu também na eleição indireta, com a exposição dos nomes que apoiavam o nome da continuidade da ditadura, Paulo Maluf. Daí não parou mais, até que surgiu a internet. No mundo digital, agora, quem expõe os parlamentares é a extrema direita.O blog já comparou Sóstenes Cavalcante ao jogador Júnior Baiano pelo estilo "pé na porta" com que tem conduzido as negociações na Câmara no início de sua gestão como líder do PL. Vascaíno, Sóstenese protestou. Portanto, o blog passará a classificá-lo de Roberto Dinamite: às vezes atua como Roberto e outras vezes apenas como Dinamite. Nitroglicerina pura.PL protocola requerimento de urgência para anistia