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Voepass pagou apenas 2,8% das multas aplicadas pela Anac desde 2014

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Agência Nacional de Aviação Civil aplicou R$ 4,4 milhões em multas contra Voepass em desde 2014. Entretanto, a companhia aérea pagou apenas R$ 123 mil. Avião da Voepass no Aeroporto de Fernando de Noronha (PE)

Ana Clara Marinho/TV Globo

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aplicou R$ 4,4 milhões em multas contra Voepass em desde 2014. Entretanto, a empresa pagou apenas R$ 123 mil – o que corresponde a 2,79% do total aplicado.

As multas são sanções administrativas estipuladas após análise realizada pela Anac e problemas encontrados na empresa ao longo dos anos.

Ao todo, foram aplicadas 255 multas, contra as quais não cabem mais recursos. A última foi enviada quatro dias antes de a empresa ser suspensa pela Anac por falta de segurança nas operações. A suspensão foi determinada na última terça-feira (11).

A multa, de R$ 4 mil, foi aplicada por ausência de "sistema de manuais para uso e orientação de pessoal de solo e de voo na condução de suas atividades".

Exclusivo: mensagens extraídas do celular do copiloto expõem problemas na Voepass

Desde o acidente com um avião da companhia que caiu no ano passado em Vinhedo (SP) – que matou 62 pessoas – é realizada uma operação para fiscalizar as instalações da empresa. E, segundo a Anac, a Voepass não conseguiu "solucionar irregularidades identificadas".

Além disso, não foram atendidas exigências como a redução da malha aérea e aumento do tempo das aeronaves no solo para manutenção. A agência afirmou ainda que irregularidades que já tinham sido consideradas sanadas voltaram a ocorrer.

No período de sete meses entre o acidente no interior de São Paulo e a suspensão, a Anac aplicou nove multas contra a companhia, que totalizaram R$ 139 mil. Nenhuma foi paga.

A título de comparação, as outras três grandes companhias aéreas que operam no Brasil também sofreram sanções – e a taxa de quitação das multa foi de 82,31%.

As multas foram aplicadas a três CNPJs diferentes utilizados por José Luiz Felício Filho, cofundador e presidente da Voepass. Dois deles ainda têm como razão social Passaredo, antigo nome de operação da companhia.

Veja abaixo os valores referentes a multas aplicadas pela Anac a Voepass por ano desde 2014:

2025 - R$ 18.000,00

2024 - R$ 121.600,00

2023 - R$ 150.524,32

2022 - R$ 3339.312,57

2021 - R$ 769.023,58

2020 - R$ 740.663,94

2019 - R$ 694.177,14

2018 - R$ 527.700,00

2017 - R$ 555.309,36

2016 - R$ 224.500,00

2015 - R$ 224.000,00

2014 - R$ 45.800,00

A menor multa aplicada foi de R$ 1,6 mil, em outubro passado, e a maior foi de R$ 230,7 mil em junho de 2021. Ambas não foram pagas.

A multa de R$ 230,7 mil se refere ao descumprimento de uma norma técnica do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC), depois de uma operação com um avião cujo instrumentos e equipamentos estavam inoperantes, em 2019.

Além dessa, entre as falhas que resultaram em multas, estão:

utilização de aeronave após manutenção, sem que o reparo tenha sido certificado;

realização de voos sem que haja condições mínimas meteorológicas permitidas;

ausência de "sistema confiável e rápido de comunicações bilaterais avião-solo";

ausência de controles que impeçam o embarque de armas, explosivos, artefatos ou substâncias proibidas nas aeronaves;

ausência de controle de acesso de pessoas à aeronave;

ausência de registro de problemas nas aeronaves no livro de registros do avião;

ausência de relatórios com a descrição dos contratos da companhia com prestadores de serviço de manutenção e reparos;

ausência de manuais para uso e orientação de seu pessoal de solo e de voo na condução de suas atividades;

ausência de requisitos de aeronavegabilidade aplicáveis, inclusive os relacionados com identificação e com equipamentos;

utilização de pessoas fora da área de inspeção para realizar as verificações obrigatórias nas aeronaves;

ausência de reportes sobre dificuldades em serviço;

ausência de profissional da companhia nos exercícios de "segurança contra atos de interferência ilícita" promovidos pelo aeroporto em que mantém operações;

não realização de ação corretiva para apontamos levantados pela Anac.

G1

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