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Tarifas começaram a valer na semana passada. Governo classifica taxas sobre aço e alumínio como medida 'injustificável' e tenta negociar. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, durante audiência no Senado em 2024Pedro França/Agência SenadoA Comissão de Relações Exteriores do Senado marcou para a próxima quinta-feira (20) uma sessão para ouvir o chanceler Mauro Vieira sobre alguns assuntos, entre os quais as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos importados, como o aço e alumínio, que impactam diretamente os setores no Brasil.Segundo interlocutores do presidente da comissão, Nelsinho Trad (PSD-MS), a ideia não é fazer um contraponto ao trabalho do Ministério das Relações Exteriores, mas, sim, encontrar uma saída em conjunto, unindo possíveis ações do governo federal e o Congresso Nacional.A GloboNews e o g1 apuraram que, na semana passada, Nelsinho Trad conversou com Mauro Vieira por telefone, e os dois acertaram a ida do ministro ao colegiado nesta semana.Tarifas de Trump sobre aço e alumínio entram em vigor e atingem todos os países"A audiência [com Mauro Vieira] ocorre no momento em que o Brasil busca respostas para os desafios impostos pelo comércio global e pelo aumento do protecionismo", informou a assessoria de Trad em nota. As tarifas????Em fevereiro, o presidente Donald Trump anunciou que o país iria cobrar tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o país a partir de 12 de março. O Brasil, segundo maior fornecedor dos Estados Unidos, foi impactado pela medida.????Em 2024, o Brasil exportou mais de 4,1 milhões de toneladas de produtos para os EUA, ficando atrás apenas do Canadá.O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou neste domingo (16) que o país poderá iniciar negociações bilaterais após a imposição de tarifas que atingiram seus principais parceiros comerciais — e outras nações, incluindo o Brasil.Representantes dos dois governos têm dialogado e realizado reuniões para discutir o assunto, mas ainda não chegaram a nenhum acordo.Desde que assumiu o novo mandato, Donald Trump tem anunciado tarifas sobre produtos vendidos por outros países para os Estados Unidos. A medida faz parte de uma das principais promessas de campanha de Trump: priorizar a indústria norte-americana. Entre os alvos iniciais, estão os vizinhos Canadá e México, os dois maiores clientes americanos, e a China. O Brasil, que responde por 1,3% das importações americanas, ficou de fora dessa primeira rodada de tarifaço, mas não escapou da segunda.Medida 'injustificável'Na semana passada, quando as tarifas anunciadas por Trump começaram a valer, o governo brasileiro divulgou uma nota – dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – na qual lamentou a decisão do governo americano, disse considerar a medida "injustificável" e acrescentou que avaliará o que pode ser feito porque o impacto será "significativo"."O governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países", diz trecho do documento.Embora a nota cite como possibilidade o país acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), diplomatas dizem nos bastidores que a entidade está "paralisada" em razão da falta de indicação de juízes justamente pelos Estados Unidos e que, na prática, não tem poder para tomar decisões nem para garantir que as decisões sejam aplicadas.Em entrevista à GloboNews, o diplomata Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da OMC, disse ser preciso buscar uma saída política para evitar que a "escalada" de medidas anunciadas pelos EUA e pelos países em resposta não saia do controle.